Pacientes com problemas renais reclamam de atendimento em fundação que realiza hemodiálise: ‘Estamos largados’

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Entre as reclamações estão a falta de médicos, de exames e do tempo de sessão. Entidade filantrópica disse que “necessita do repasse dos recursos do Estado para manter suas atividades”. Moradores de Palmas que têm problemas renais e precisam de hemodiálises estão reclamando do atendimento na Fundação Pró-Rim. Os pacientes contam que o tempo de sessão foi reduzido em uma hora e que a qualidade de vida diminuiu. Um paciente transplantado que faz hemodiálise há 9 anos disse que os problemas começaram há cerca de dois anos.
Entenda como é feita a hemodiálise
Segundo os pacientes, o atendimento piorou no início da pandemia. Eles acreditam que mudanças feitas pela Fundação, como redução do tempo das sessões de hemodiálise, prejudicam pessoas com quadro clínico mais grave.
A Fundação Pró-Rim disse, em nota, que foi impactada de forma negativa pela pandemia. Informou que é uma entidade filantrópica sem fins lucrativos e que “necessita do repasse dos recursos do Estado para manter suas atividades”. Segundo a Fundação, mesmo diante da falta de pagamentos para manutenção das hemodiálises, os tratamentos continuam. Leia abaixo a nota na íntegra
O g1 também entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), mas a pasta não enviou um posicionamento até a última atualização desta reportagem.
Pacientes com problemas renais reclamam de atendimento na Fundação Pró-Rim
Divulgação
Em janeiro deste ano a Secretaria de Saúde do Tocantins afirmou que Fundação estava negando atendimento em Palmas e Gurupi.
Márcio Souza Varão é técnico em edificações e faz três sessões por semana. Ele já passou por um transplante de rim, que não foi bem sucedido, e continua lutando pela vida. O homem conta que nos últimos dias até cadeiras estão faltando e alguns pacientes sentam no chão da fundação enquanto aguardam a realização do procedimento.
“Depois que começou a pandemia diminuiu de 4 para 3 horas de hemodiálise e qualidade de vida vem caindo e até meu equipamento mudaram. Começou a faltar medicamentos. O atendimento está desumando, estamos largados. Está precisando melhorar a atenção com o ser humano”, disse Márcio Varão.
Ele conta que muitas pessoas que tinham uma vida normal começaram a piorar, e precisaram ser internadas. “Vemos muita gente morrer e sempre com medo de ser o próximo. A gente fica sofrendo nessa luta”, disse Márcio.
Celso Batista da Silveira faz tratamento há 5 anos. Ele disse que protocolos de segurança deixaram de ser seguidos e os pacientes ficam expostos ao risco de infecção do coronavírus. “Se a pessoa está com Covid ela entra e fica junto com todo mundo. Todo mundo lá já deu Covid. Um pega e vai lá para dentro e não verificam mais se alguém está com febre ou tem outro sintoma”, contou Celso.
Ele também reclama do tempo das sessões e do atendimento feito por alguns profissionais de saúde. “O atendimento era melhor. Agora piorou 80%. Também piorou a diálise. Eu acho a minha diálise pouca. Não me sinto bem só com essas três horas”, disse.
A dona de casa Cleuza Alves Ramos de Araújo também está sofrendo. Além do tempo de sessão, a mulher reclama da falta de médicos e de exames. “No turno que eu participo ninguém está fazendo exames. A gente nunca mais teve consulta de verdade. Está faltando médico para atender a gente e os técnicos de enfermagem que são nossos médicos. Eles que socorrem quando alguém passa mal na sala”.
A dona de casa vai fazer a próxima hemodiálise nesta sexta-feira (4) e tem medo de precisar de algum atendimento e não conseguir. “A preocupação é todos os dias. Nós somos seres humanos e precisamos de tratamento”, disse Cleuza.
O que diz a Fundação Pró-Rim
A Fundação Pró-Rim, entidade filantrópica de assistência em saúde renal, esclarece que permanece realizando regularmente o tratamento de cerca de 400 pacientes. A instituição tem como propósito oferecer um tratamento digno e humanizado, postura que é adotada em seus 34 anos de história e serviços prestados a população.
Sobre a duração das sessões de diálise realizadas nas unidades, a Pró-Rim informa que as questões clínicas são adotadas em conformidade com as boas práticas da sociedade científica, com base nas condições do quadro de saúde do paciente, avaliando resultados de exames e parâmetros gerados durante a aplicação do tratamento.
Segundo a literatura podem variar os parâmetros da sessão como tempo, frequência e outras necessidades, estabelecidos conforme o quadro clínico do paciente e a análise da equipe médica. A prescrição do tempo da sessão pode ser alterada mediante a prescrição médica.
Ressaltamos que as equipes assistenciais acompanham e analisam o quadro de evolução e resultados de exames dos pacientes para manter a qualidade e aderência ao tratamento.
Assim como em outras instituições de saúde, a Fundação Pró-Rim também foi impactada pela pandemia da COVID-19, acarretando na baixa do quadro de funcionários, aumento nos valores dos insumos, entre outros aspectos importantes para a sustentabilidade das clínicas. No entanto, continuamos seguindo as orientações dos órgãos oficiais, assegurando a equipe técnica necessária e buscamos novas formas de manter o tratamento e a segurança aos pacientes renais crônicos.
Somos uma entidade filantrópica sem fins lucrativos da área da saúde, que atende cerca de 99% dos pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), e necessita do repasse dos recursos do Estado para manter suas atividades. Contudo, mesmo diante da falta destes pagamentos para manutenção do tratamento de hemodiálise, a qual já foi mencionada anteriormente à imprensa, o que impossibilitaria o oferecimento de um serviço digno aos pacientes renais do Tocantins, a Fundação Pró-Rim manteve o tratamento justo com segurança e qualidade.
Salientamos novamente que a Fundação Pró-Rim preza por um tratamento de excelência, seguro e íntegro aos pacientes renais do Estado. Eventuais queixas são pontuais, e não muito raras no serviço de Terapia Renal Substitutiva, diante de pacientes não aderentes as prescrições médicas e por vezes, emocionalmente abalados com o tratamento, decorrentes do impacto social que a doença traz na rotina do portador da Doença Renal Crônica.
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Fonte: G1 Tocantins